O impacto de nossas Escolhas

Eu e minha mãe, que se mudou para o céu em novembro de 2018, tínhamos uma parceria e cumplicidade incomum para a época. Éramos parceiras do perrengue à curtição na balada.

Sabe aquelas mães e filhas que mais parecem irmãs? Éramos assim.

O tempo passou, casei, fui morar em outra cidade e passamos a nos ver pouco (só visitas e telefonemas). Então em 2002 ela e meu irmão vieram de mudança para morar em Tramandaí, uma das principais praias do Litoral Gaúcho, e ficar mais pertinho. No entanto a gente continuou sem se ver com tanta frequência, eu era muito workaholic e acabava que não ia visitar ela, estava sempre colocando o trabalho na frente.

Em 2015 o sentimento de que não era justo com ela e tampouco comigo estarmos tão próximas e ao mesmo tempo tão longe falou mais alto. Foi aí que decidi deixar o ótimo trabalho e ganhos que eu tinha para me mudar para a praia e morarmos juntas outra vez. Ficar de verdade com ela, como eu deveria ter feito há muito tempo, afinal ela veio justamente para ficar mais pertinho de mim.

Foi a melhor decisão que tomei. E se eu não a tivesse tomado isso teria me corroído por dentro, porque três anos depois ela partiu. Foram dias incríveis que vivemos juntos (eu, ela, meu irmão, esposo e sogro) e que hoje aquecem o meu coração ao lembrar e abrandam a saudade quando a bad bate.

Foi fácil começar de novo e driblar a sazonalidade de uma cidade litorânea? Não foi. Faria de novo? Por ela, sim, faria tudo de novo sem titubear.

Todo esse movimento me oportunizou o primeiro contato com o mundo jurídico, depois das telas da TV e seriados da área que adoro.

Bati em muitas portas, e foi um escritório de advocacia que deixou entrar aquela garota que apareceu em um dia de chuva com seu currículo na mão em busca de uma oportunidade.

Os sócios não estavam, lembro que deixei o meu currículo com a assessora que ficou de repassar para eles, e fui embora sem grandes expectativas.

Passados uns dias eis que meu telefone toca, era a assessora do escritório para marcar uma entrevista. Desliguei o telefone e dei pulos de alegria, pois eu estava em uma nova cidade onde ninguém conhecia a mim ou ao meu trabalho e eu acabara de receber a oportunidade de me apresentar.

O dia da entrevista chegou e ao final pediram para eu apresentar um projeto voltado para o relacionamento com o cliente e suporte às operações do escritório em uma semana. Caso gostassem, eu seria contratada para implementar.

Eu saí daquela reunião com a cabeça a mil e passei os dias que se seguiram a estudar sobre o meio jurídico e funcionamento de um escritório. Afinal você gostar e se identificar é uma coisa, outra bem diferente é você propor ações a serem realizadas de verdade quando você não tem vivência prévia no ramo.

Um dia antes da reunião de apresentação do projeto para os sócios eu fiquei doente, de cama, e precisei ligar para remarcar. Sabe aquele ditado popular “quem morre de véspera é peru”? Essa era eu antes de ligar pensando se eu iria ter outra chance de apresentar.

Tive a chance sim, apresentei o projeto em uma outra data após me recuperar e fui contratada. Foram 9 meses (era um contrato temporário) de muito trabalho e aprendizados. Uma experiência incrível!

Fazer escolhas e tomar decisões é algo inerente a todos. O ponto é que elas afetam a vida individual e coletiva, ou seja, impactam o nosso presente, futuro e a vida de outras pessoas ao nosso redor. No entanto são essa escolhas que encaminham nossa vida e o seu impacto pode ser considerado o nosso legado.

No caso do meu relato, a minha decisão por abrir mão do trabalho que eu tinha e ganhos que eram bem significativos para ir ficar com minha mãe, me permitiu aproveitar o tempo que restava ao lado dela e que mal sabia eu era tão pouco. Os sócios do escritório de advocacia quando decidiram por dar uma chance para a garota que havia deixado um currículo lá, impactaram não somente uma vida, mas a de uma família inteira.

E você? O quanto suas escolhas têm impactado em sua vida?

Texto by @fernandadocantooficial